Metodologias inovadoras aplicadas nos planos urbanísticos foram debatidas por especialistas em painel
As metodologias inovadoras aplicadas nos planos urbanos da URBTEC™ foram apresentadas no Terceiro Encontro Continental de Estudos Afro-Latino-Americanos do African-Latin-America Institute (ALARI), filiado à Universidade de Harvard. O evento aconteceu entre 10 e 12 de julho na Universidade de São Paulo (USP) e foi uma oportunidade para discutir academicamente assuntos como o direito à cidade e a justiça racial.
O consultor da URBTEC™, André Marega Pinhel, que é cientista social e doutor em sociologia pela USP, apresentou no Painel 40 uma comunicação intitulada “Desigualdades raciais socioespaciais: possibilidades analíticas e aplicações metodológicas para o planejamento de equipamentos de saúde”. Em sua apresentação, compartilhou os indicadores utilizados para medir as desigualdades raciais e socioespaciais nos planos em que a URBTEC™ atua.
O painel foi uma oportunidade para difundir o conhecimento que está sendo desenvolvido pela empresa de consultoria, e discutir com especialistas as metodologias que são propostas tanto na perspectiva acadêmica quanto na aplicabilidade prática da sociologia dos planos urbanos.
INOVAÇÃO
Segundo o sociólogo, os produtos que estão sendo desenvolvidos nesses planos urbanísticos são inovadores, pois o tema da desigualdade racial e socioespacial não é usualmente abordado no planejamento urbano. Além disso, afirma que “essa temática abre um novo leque de intervenção social dos planos e também um novo campo de possibilidades metodológicas”.
Na ocasião, foram expostos os resultados de análises sociológicas que indicam uma desigualdade de acesso aos equipamentos de saúde, principalmente de média e alta complexidade, majoritariamente devido às suas localizações em áreas privilegiadas da cidade. Pinhel avalia que o conteúdo teve uma boa receptividade pela academia, uma vez que esses resultados corroboram o que a literatura das ciências sociais aponta sobre o tema.
METODOLOGIA
Entre as metodologias discutidas, destaca-se o Índice de Dissimilaridade Local, que é proposto para construir a espacialização da população segundo a raça, o que permite diagnosticar padrões de ocupação do espaço urbano que se consolidaram ao longo da história.
“Isso permite que você proponha intervenções urbanas que mitiguem esses processos históricos de exclusão. Então, o índice é muito útil para perceber como essas desigualdades socioespaciais se sedimentam na cidade ao longo de um processo histórico”, explica Pinhel.
Apesar de extremamente valiosa, a participação das ciências sociais nos planos urbanos é ainda muito limitada, de acordo com o cientista social. André exemplifica que a determinação para parâmetros de uso e ocupação do solo usualmente utiliza parâmetros como as dinâmicas econômicas e não aspectos como a vulnerabilidade social ou as desigualdades raciais e socioespaciais.
Para avançar na aplicabilidade das ciências sociais no planejamento urbano, Pinhel avalia que é necessário articular a produção acadêmica com a prática dos planos urbanos, construindo conceitos e esquemas metodológicos que sirvam para ambos os universos.
“Em geral, os planos urbanos não são pensados como campos para o desenvolvimento de novas metodologias, e os especialistas normalmente se limitam a buscar referências metodológicas que estão colocadas na literatura. Porém, nossa experiência vem mostrando que é possível desenvolver metodologias no âmbito da aplicação do plano que tenham relevância acadêmica também”, finaliza.
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